segunda-feira, 24 de novembro de 2008

companhia desagradável


Desconfio que os pernilongos estão ficando mais inteligentes!! Eles estão adquirindo a capacidade de ficarem invisíveis, além de saberem a hora de zumbir(quando estamos quase dormindo com a luz apagada) e a hora de se fingir de morto(quando acendemos a luz, já a beira de um ataque de nervos).
Temos que tomar cuidado, eles estão se organizando, podem tomar o poder a qualquer momento!!!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ALERTA: naturalidade excessiva


Eu tenho problema com excessos, sempre tive. Com pessoas boazinhas demais, felizes demais, alegres demais, saudáveis demais, mas também desconfio das que são infelizes em tempo integral, que acham que o mundo as persegue, que são egoístas num nível que beira o sobre-humano. Eu tenho muito desses extremos, talvez por isso desconfie tanto deles. A questão é que ultimamente tudo tem parecido normal demais em minha superficial e restrita lógica. Será que é isso o que chamam equilíbrio?
Passo pelas pessoas, coisas, fatos e atos e sinto tudo de uma maneira muito natural, parece que tudo está onde deveria estar mesmo. Isso ao mesmo tempo me preocupa e alivia. Vem acontecendo de um ano pra cá, é uma sensação estranha de calma, que dificilmente é rompida.
Preocupa-me quando penso que isso parece um pouco uma forma de acomodação, e alivia quando percebo que continuo lutando pelo que acredito, mas minhas armas são outras, pessoas são o que são, agem como agem e eu as aceito, sem hipocrisia, as aceito. E se me magoam, eu calo, perdôo, porque provavelmente se não as magoei, pode ser que um dia, mesmo sem querer, eu o faça. E faço sempre.
Acho a morte natural, a doença, as alegrias e tristezas, os amores e tudo o que vem com eles, incluindo intrigas, paixões e mágoas. É natural amar, sofrer, sentir arrepio quando está frio ou excitado, ter ciúmes, querer pra si o que te faz bem, morrer de saudade, ter celulite e gordura localizada(até as magras tem), é muito natural sentir carência, medo, raiva, até desespero. Se achar feia, linda, boba, ter atitudes corajosas e covardes. É natural se esconder da chuva, mas também é natural se molhar e brincar com ela.
E natural que eu tenha muita coisa ainda pra aprender, que eu erre muito e acerte as vezes. Que eu ame sempre. E isso eu faço, e faço mesmo, com toda a verdade, dentro das minhas contradições.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Na natureza selvagem


Acabo de assistir ao filme "Na natureza selvagem"(Into The Wild, 2007), inspirado no livro de Jon Krakauer, sobre a vida de Chris McCandless. A trilha é composta por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Deam, o roteiro e a direção é de Sean Penn. Uma bela combinação que resultou num road movie bem interessante. A incrível fotografia do filme é de Eric Gautier, o mesmo de Diários de Motocicleta.
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Apesar de ter alguns pequenos momentos do filme que eu diria ao montador, se eu fosse a diretora: "Olha, faz de conta que eu não filmei isso!!", vale muito a pena, pela reflexão, pela fotografia, pela trilha, pelas interpretações, pelo roteiro, enfim, pelo que é.
A sinopse é basicamente a de um jovem de seus 23 anos que largou sua vida estável para partir em busca de aventura e liberdade. Deixou para trás também a sua própria identidade, rebatizando-se Alexander Supertramp, e quanto mais distante de "casa" mais se aproximava de si. Seu destino era o Alaska selvagem, ele achava que tudo o que precisava para ser feliz era viver na e da natureza, mas foi constatando aos poucos que "a felicidade só é real quando compartilhada".
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Bom, eu acredito muito nisso!! Que graça tem contemplar um pôr-do-sol, se eu não puder compartilhar silenciosamente com alguém que estimo, um momento tão sublime?

domingo, 9 de novembro de 2008

"Alegria alegria"


Ontem alguém me disse:
-- Você tá sempre bem, né? Eu te invejo.
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Não, eu não estou sempre bem, mas procuro superar as dificuldades, é uma estratégia parecer bem, porque de tanto as pessoas acharem que é assim, isso começa a ser verdade até pra mim.
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De Caetano emprestei o título de uma de suas mais conhecidas composições, para encabeçar esse post. De Clarice empresto um trecho de seu livro Água Viva, para responder melhor a essa questão...
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"A minha única salvação é a alegria. Uma alegria atonal dentro do it essencial.
Não faz sentido? Pois tem que fazer. (...)Recuso-me a ficar triste.
Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade.
Eu estou - apesar de tudo oh apesar de tudo - estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras. Estou sendo alegre neste mesmo instante porque me recuso a ser vencida: entao eu amo.
Como resposta. Amor impessoal, amor it, é alegria - mesmo o amor que não dá certo, mesmo o amor que termina. E a minha própria morte e a dos que amamos tem que ser alegre, não sei ainda como, mas tem que ser.
Viver é isto: a alegria do it. E conformar-me não como vencida mas num allegro com brio."
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Tem mais uma coisa... Como é bom ter amigos!! Eu tenho muitos amigos, já sabia disso, mas pude confirmar esses dias. Humildemente agradeço, vocês com certeza são um outro tipo de alegria em minha vida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Alma transbordante


"o choro acontece quando a alma cresce, não se suporta mais no corpo e por isso é obrigada a vazar um pouquinho..."

Fabiano Conte


Tomara que isso seja verdade...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A menina e o viajante

Era uma vez uma menina que achava que era mulher...
Uma frágil menina que teimava em querer ser a Mulher Maravilha. Toda manhã ela se fantasiava, sem nunca esquecer o elemento principal, a máscara.
Passou muitos anos apegada a essa ilusão, todos que a conheciam desde pequena, já não sabiam mais quem ela era realmente, poucos enxergavam o que havia por trás de toda ornamentação. Mal sabia ela que sua melhor parte estava escondida, sufocada sob brilhos superficiais e pompas envelhecidas.
Os anos foram passando e a frágil menina estava quase morrendo asfixiada, quando um viajante apareceu, com seu olhar doce e curioso, penetrou as frestas que ainda existiam e a salvou. Delicadamente retirou sua máscara e a beijou.
Passaram algum tempo juntos, ele a ajudou a florescer, de menina passou a mulher. Uma mulher segura, sensível, inteligente e apaixonada. Foram muito felizes, para ela não existia ninguém melhor no mundo do que ele, era o homem de sua vida.
Acontece que ele não tinha pretenção de ficar tanto tempo, estava só de passagem quando a encontrou, fez o que pode por ela, mas sentia falta de algo que nem mesmo ele sabia o que era, foi começando a ficar triste, melancólico, e a menina que agora era mulher não conseguia entender nem conceber tanta tristeza em seu amado.
Esse foi o começo do fim, o viajante foi mergulhando cada vez mais em sua melancolia, para tentar entender a causa, e ela sem perceber foi se afastando dele, por sua incapacidade de se colocar no lugar do outro. Irônico, para alguém que passou tanto tempo sendo "outras pessoas".
Foi quando ele resolveu partir para continuar sua viagem em busca de si. Ela enlouqueceu, não passava por sua cabeça viver um dia sequer longe de seu salvador, não lhe parecia natural, afinal, ele era o homem da sua vida.
O que ela não sabia, ou não queria admitir, é que, infelizmente, ela não era a mulher da vida dele.
Precisavam continuar, o viajante sabia como, só de pensar em colocar os pés na estrada novamente seu olhar doce e curioso voltou a brilhar. Já a menina, estava perdida, não sabia se teria forças para continuar sem ele. Resolveu segui-lo, para onde quer que ele fosse.
Isso óbviamente acabou em tragédia, muitas pessoas passaram pelo caminho do viajante, ele queria parar um pouco para conhecê-las, para aprender com elas, mas havia uma sombra o seguindo o tempo todo, não se sentia confortável em parte alguma. Por isso parou e sem querer ser indelicado, pediu a ela que seguisse em outra trilha.
-- Não!!! - disse ela - Você é meu!!! E preciso cuidar do que é meu, não acha?
Ele, com lágrimas nos olhos e um misto de alegria e medo, como quem descobre uma maneira de ser livre, falou:
-- Já não sou mais.
Correu para o penhasco a sua frente e se jogou.
Nunca mais se teve notícias da menina que virou mulher.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Flor na lua


Numa quarta-feira de cinzas nasci, costumo brincar que já nasci compreensiva, pois esperei meus pais pularem carnaval tranquilos, e só depois dei o ar da graça, para alegrar o dia da ressaca de todos.
Dizem que eu era um bebê bem bonitinho, doce e meigo. Levemente temperamental, cheia de vontades e sedenta por descobrir o que era esse tal de mundo.
Depois fui crescendo e me aproximando cada vez mais do mundo da lua. Como eu gostava de lá, quer dizer, como eu gosto de lá. O problema é voltar... testa cortada, perna torcida, mão furada, bronca indevida... Desligada não, só conectada a outra dimensão. Por que as pessoas teimam em não entender isso?
Fui uma criança tão feliz!!! Brinquei, me machuquei, viajei nas férias pra casa da vó Nina, estudei numa boa escola e excursionei pela "lua" boa parte do tempo.
Meus pais fizeram tudo o que podiam para me educar afetivamente e cognitivamente da melhor maneira possível. Foram exemplos de caráter e sabedoria, e lhes serei eternamente grata pela ajuda incondicional em minha formação.
Mas por que estou falando disso? Primeiro porque eu quero, e como diria Patty Diphusa, de Almodóvar: "Apesar de minha pouca idade, EU conheci muita gente, mas quem conheço melhor que ninguém sou EU MESMA. Acho que é uma prova de honestidade falar daquilo que se conhece." Mas também porque noite passada escutei uma história, linda, sobre a vida de uma certa pessoa, principalmente sobre sua vida escolar, e descobri muito sobre a formação de seu caráter e personalidade. Coincidentemente, hoje escutei um outra história, muito diferente da primeira, mas tão rica quanto. Fiquei emocionada e comovida por ter tido a oportunidade de conhecer a aprender com cada uma delas. Senti-me privilegiada e agradecida.
Porém, as vezes fico valorizando histórias alheias e me esqueço que também tenho uma, e que é linda e especial, porque é minha. Minhas escolhas, minhas vitórias e derrotas, paixões, amores, amigos, pessoas, tudo aquilo que contribuiu para o que sou hoje. Que já será diferente do que serei amanhã.
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Assim eu sigo me transformando... somando, subtraindo e fazendo as equações necessárias... mas sem nunca deixar de dar uma passadinha na lua, onde tenho residência fixa. Alguém me acompanha?