quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sidarda, de Hermann Hesse


O rio... a espera... esse livro me despertou mais uma vez...
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Sidarta começa sua caminhada assim...
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“Um único objetivo surgia diante de Sidarta, o objetivo de tornar-se vazio, vazio de sede, vazio de desejos, vazio de sonhos, vazio de alegria e de pesar. Exterminar-se distanciando-se de si mesmo; cessar de ser um eu; encontrar sossego, após ter evacuado o coração; abrir-se ao milagre, com o pensamento desindividualizado – eis o que era o seu propósito. Quando todo e qualquer eu estivesse dominado e morto, quando, dentro do coração, se calassem todos os anseios e instintos, inevitavelmente despertaria no seu ser a quinta-essência, o último elemento, aquilo que já não fosse eu, o grande mistério.”
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E assim termina... assim chega ao rio... assim aprende...
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“E com isso te comunico uma doutrina que te fará rir, ó Govinda: tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas para mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele nem a mim mesmo, de contemplar a ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência.”
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E disse mais...
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“Talvez seja esta a razão por que não encontres a paz: o excesso de palavras. (...) as coisas têm, a meu ver, mais valor do que as palavras. O gesto da sua mão me importa mais do que as suas opiniões. Não é nos seus discursos e nas suas idéias que se me depara a sua grandeza, senão unicamente nos seus atos e na sua vida.”
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Na noite em que terminei esse livro tive o seguinte sonho...
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Grandes animais marinhos, com aspectos monstruosos estavam invadindo as praias. Não sei porque, mas não senti medo e resolvi me aproximar a nado. Descobri que eram animais dóceis, que estavam encalhados, com dor, machucados e precisavam de ajuda para voltarem ao mar.
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Alguma relação maluca deve existir, mas não vou saber analisá-la. O que fica é a sensação de busca, quero chegar ao rio, pronta para ouvir o que ele tiver a me ensinar.
Estou indo na direção certa? Chegarei a ele? Quanto ainda falta caminhar?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alexander Graham Bell


Sirvo-me deste humilde blog pra fazer uma homenagem póstuma ao meu querido Alexander Graham Bell, exaltando sua maravilhosa invenção.
Quando estou ao telefone consigo dizer o que penso, sem medo de ser bofeteada. É mesmo uma maravilha!!! Principalmente quando estou apaixonada e brava com o objeto estimado, porque não tendo os olhos amados a servirem de atrito para minha ira, amenizando-a, despejo tudo o que quero, e ele nem precisa disfarçar seu olhar de “que saco! acabou?”, sendo assim, é bom pra ambas as partes.
Agora a verdade...
Internet, telefone, bip(ainda existe?)... tudo lindo, até a página 2, quando as contas começam a chegar, o abraçado começa a fazer falta, sua coluna já não agüenta mais ficar horas na mesma posição, enquanto você “tc” no MSN, seus melhores amigos são “virtuais”, ou quando você começa a sentir muita saudade daquele olhar de “que saco! acabou?”.
Pra ser bem sincera, pra mim, não há nada melhor que o toque, seja ele suave, brusco, robusto, tímido, intenso, seguro, molhado, quente, safado, preciso, indeciso ou disfarçado; na forma de beijo, mordida, beliscão, carícia, entrelaçamento, colo, abraço ou olhar. Não importa o tipo ou a forma, mas importa, e muito, que ele seja consentido e desejado.
Voltando a falar de Graham Bell, ele foi incrível, com certeza foi um sujeito que abraçou muito, beijou muito, é sério, eu gosto mesmo de sua invenção. Valeu, Alex!!!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Desmedida

(Imagem: Teatro de Dioniso, em Atenas)


Hybris onde estás??? Cansei de sophrosine!!!! Kairós, kairós!!!

Lenine


Eu adoro o cara, a música é linda, pena que entrou na novela, ou seja, vai tocar tanto que começará a enjoar... por isso vai só um trecho da letra, só o que me interessa hoje... rs...
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"Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me trás o teu sucesso
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa"
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Olhem que fantástico, não fazia idéia que isso existia!
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A doença da pressa ou síndrome da pressa é uma doença psicológica causada principalmente pelo ritmo frenético em que a sociedade moderna se submete nas zonas urbanas e no trabalho. A síndrome não tem reconhecimento médico nem psicológico factível, mas é estudada desde a década de 1980. O aumento excessivo de ansiedade é o principal fator que causa a síndrome da pressa. (Origem: Wikipédia)
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Estou tão perdida em mim que as vezes me esqueço, de ti...
Mas é que meu umbigo é tão bonitinho... rs...
Estou lendo Sidarta, do Hesse... deve ser isso...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Do amor e outros demônios



"Sierva Maria estava sentada defronte de uma janela que dava para um campo coberto de neve, arrancando e comendo uma a uma as uvas de um cacho que tinha no colo. Cada uva arrancada tornava a brotar no cacho. No sonho, era evidente que a menina estava há muitos anos defronte daquela janela infinita tentando acabar o cacho, e que não tinha pressa, por saber que na última uva estava a morte.''
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Terminei de ler há alguns dias o livro "Do amor e outros demônios" de Gabriel Garcia Márquez, e o tempo todo fiquei com a sensação de não pertencer. O autor é admirável, aborda temas pertubadores e contradiórios, como racismo, intolerância religiosa, de maneira sensível e sem culpas.
Como assunto recorrente de suas obras, o amor aparece em muitas formas, mas a principalmente na de um amor muito próximo daqueles dos contos-de-fadas, contudo talvez sem o idealismo deles.
Os demônios vão muito além da figura arquetípica, referem-se principalmente aos nossos demônios internos, nossos vãos obscuros e asquerosos.
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"No dia 29 de maio, sem ânimo para mais nada, tornou a sonhar com a janela dando para um campo nevado, onde Cayetano Delaura não estava nem voltava nunca. Tinha no colo um cacho de uvas douradas que tornavam a brotar logo que as comia. Mas dessa vez não as arrancava uma a uma, e sim de duas em suas, mal respirando na ânsia de acabar com o cacho até a última uva. A guardiã que entrou com a incumbência de prepará-la para a última sessão de exorcismo a encontrou morta de amor na cama, os olhos fulgurantes e pele de recém-nascida. Os fios de cabelo brotavam-lhe como borbulhas no crânio raspado, e era possível vê-los crescer."
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Especialmente hoje estou me sentindo mais estrangeira que de costume, uma Sierva Maria de Todos los Angeles, vivendo no liame de dois mundos, carregando de forma ambivalente os pares de opostos: o bem e o mal. Se o amor não me matar, meus demônios cuidarão disso...

sábado, 11 de outubro de 2008

lélia, também


Meio perdida no tempo, solta no espaço...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Desconexa...


"Se minha carne fosse pensamento
A distância jamais me reteria;.
Apesar dos espaços, em um momento,
E bem longe, a ti eu chegaria." Shakespeare
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"Eu to te explicando
Pra te confundir
Eu to te confundindo
Pra te esclarecer
To iluminado
Pra poder cegar
To ficando cego
Prá poder guiar"
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Tom Zé deve ter pensado em mim, quando escreveu a letra dessa música... rs...
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Sobre a imagem, bem, não há muito a dizer, passo tanto tempo dentro do carro, que minha obsessão por mãos se manifesta com freqüência.

terça-feira, 7 de outubro de 2008


Só um dia triste...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Do amor, Moska

(Imagem: "Eros" de Munch)

Sempre gostei do Paulinho Moska, mas depois de ler este seu escrito, minha admiração cresceu ainda mais. É tão difícil falar sobre esse tal AMOR, normalmente soa piegas, ridículo, e ele conseguiu ser claro, sem esclarecer absolutamente nada... piegas ou não, é uma visão menos viciada que a maioria, e eu até acredito nela, com algumas ressalvas.

"Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?
Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.
A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.
O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.
O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto."

Por que queremos tanto ser equilibrados e bem resolvidos, se é tão mais interessante ir se resolvendo aos pouquinhos? Experimentar, descobrir, fluir, viver, amar... se está fora de moda, se parece ridículo, se isso não faz o menor sentido pra você, ignore... é só mais um ponto de vista...

domingo, 5 de outubro de 2008

Pequenos heróis


Sexta-feira foi o último dia do Projeto Social no Centro Comunitário São Francisco de Assis. Não terei a preocupação de ser original ao relatar a experiência, até porque o que vou dizer é bem óbvio...
Aprendemos muito mais do que ensinamos. Resumindo é isso. As crianças nos receberam bem, nos acolheram, nos abraçaram, interessaram-se pelo que tínhamos a dizer e a ensinar, confiaram em nós. Senti-me privilegiada por receber tanto carinho. Parecíamos seus superheróis, e na verdade sabemos que os heróis são eles. Suas histórias vínhamos a saber através dos funcionários e coordenadores do CEC. Eles brincavam, riam, ali eles podiam ser crianças, ali isso era permitido, e as vezes tinham comportamentos arredios, e só nesses momentos transpareciam suas histórias tristes.
Claro que nos ensinaram, e esses pequenos nem imaginam quanto.
A tarefa agora é incorporar esses ensinamentos para minhas aulas, minhas relações, para meu olhar/estar no mundo.
Não posso deixar de citar também o meu grupo, que apesar de alguns percalços, comuns quando o trabalho é coletivo, foram indispensáveis para o sucesso desse projeto. Letícia, Fernanda, Marcelo e Thaís, foi muito bom poder estar perto, conhecê-los um pouco mais, me perder com vocês pelas ruas do Brás na hora do "recreio", comer doce na padaria, receber o apoio de cada um ao cortar os dedos com azulejos, descobrir como se tiram algumas manchas difíceis, rir das peripécias que aprontamos, descobrir que tem gente que engole cada coisa... rs... enfim, foram semanas de muito trabalho, muito aprendizado e também de muita diversão.
Obrigada a todos!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Supermercado


Uma mulher – PICANHA!!! Ah, mas é fatiada.
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Ontem eu fui ao supermercado e ouvi essa frase. Senti certa admiração por essa senhora... Desencadeou em mim uma série de observações e indagações. Essa pessoa já foi muitas vezes fazer compras de mês e sabia exatamente o que queria. Por que não picanha fatiada? Pra mim dá tudo no mesmo. Para ela, com seu olhar apurado (devia ser uma excelente cozinheira), picanha fatiada não era legal. Sou tão inexperiente em tantos assuntos ainda. Quantas compras no supermercado terei que fazer pra ter esse "traquejo" com os "produtos"? Eu quero saber fazer compras? O que eu quero?
Mas as perguntas não pararam por aí...
Supermercado não é lugar de pessoas felizes? Fiquei observando e analisando as pessoas e me surpreendi com tanta tristeza misturada a cansaço. Posso estar enganada, mas acho que, além das crianças, eu era a única pessoa relativamente feliz naquele ambiente. Eu sei que não deve ser uma tarefa super agradável fazer compras de mês, mas eu estava me divertindo criando histórias para aqueles desconhecidos, baseadas em observações minuciosas sobre seus comportamentos. Alguns eu reencontrei várias vezes em corredores diferentes, o que possibilitou um aprofundamento maior em nossa relação imaginária. Uma pena eu não me lembrar de quase nada dessas histórias, adoraria compartilhar uma delas, mas não importa.
O que ficou disso tudo pra mim foi encontrar, mais uma vez, a possibilidade de transformar obrigações cotidianas em algo prazeroso e proveitoso. Pude, no mínimo, apurar meu olhar e exercitar minha imaginação.
Agradeço a todos aqueles queridos desconhecidos que me auxiliaram sem precisar fazer nada além de ser o que são.