sábado, 11 de abril de 2009

No meio da estrada

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Um olhar meio sem jeito, que é pura contradição, penetra em todas as minhas frestas, e mesmo parecendo inofensivo, invade todos os meus pensamentos. É a luz que desejo e penso todas as manhãs, mas que não está lá. É meu companheiro íntimo e ignorado. Conheço cada milímetro de seus olhos e sei que também são meus. Quando me fitam eu sinto que minha existência faz mais sentido. Mas não é só um olhar, é um encontro com o desconhecido cada vez que se encontram. Desconhecido pela grandiosidade do que é gerado a cada colisão, mas de uma maneira inexplicável pelos mecanismos racionais, o único “lugar” onde me sinto em casa. Não é o colorido deles que me embriaga e fascina, é toda a grandeza de alma que fica escondida atrás. É a beleza que só meus olhos, que também são deles, conseguem enxergar com toda a riqueza de detalhes. E que não pode ser descrito, porque as palavras não conseguem alcançar o que meus olhos sentem.
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Quero ir pra casa. Vem me buscar?
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(Obra: O beijo, de Pablo Picasso)

2 comentários:

Stive Ferreira disse...

Uma vez Milton Nascimento cantou:
"Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim;
Que perguntar carece: Como não fui eu que fiz?"

Me sinto assim com relação a este texto. E se o tivesse escrito, só tornaria o final mais masculino:
"Quero ir prá casa. Posso ir te buscar?"

:-)

Beijos.

Anônimo disse...

Que delícia de leitura! Li suas palavras ao som da chuva caindo. Momento único. Só faltou uma caneca de capuccino quentinho. :)
Que bom que gostou do outro blog também. Sou espaçosa, necessito de páginas e páginas pra escrever... rsrsrs.
Boa semana, querida!