sábado, 27 de setembro de 2008

Quase oito meses


"O amor é um descanso
Quando a gente quer ir lá
Não há perigo no mundo
Que te impeça de chegar."

Mais Alguém, interprete Roberta Sá
Composição: Moreno Veloso e Quito Ribeiro
.
Amo esta Pequena pra sempre.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Hamlet e medos


"Ser ou não ser. Eis a questão: é mais nobre sofrer na alma as pedradas e flechadas de um destino ultrajante ou pegar em armas contra um mar de problemas, e enfrentando todos, acabar com eles? Morrer, dormir... mais nada. E no sono acabar com a aflição e os mil choques naturais que a carne traz em si. Essa é a consumação que se deve querer como uma bênção. Morrer, dormir. Dormir, sonhar talvez: isso é que é difícil! Porque os sonhos que podem existir nesse sono da morte, depois que nos livramos desta confusão mortal, nos fazem parar para pensar. É isso que tanto prolonga a calamidade desta vida. Quem há de preferir as chicotadas e o desprezo do tempo, a humilhação do opressor, a arrogância do orgulhoso, as dores do amor desprezado, a demora da lei, os desaforos do poder, e os chutes que os talentosos pacientemente recebem dos indignos, quando o próprio sujeito pode encontrar a sua paz na lâmina nua de um punhal? Quem é que agüenta esse fardo, gemendo e suando numa vida dura, senão pelo medo de alguma coisa depois da morte, o país desconhecido, fronteira que ninguém cruza de volta, que confunde a nossa vontade, que nos leva a preferir os males que já temos do que voar para outros que não conhecemos? É assim que a consciência transforma todo mundo em covarde, é assim que a cor natural da determinação acaba desbotada pela palidez do pensamento, e grandes projetos importantes perdem o rumo, e não podem ser chamados de ação."

A TRAGÉDIA DE HAMLET, PRÍNCIPE DA DINAMARCA
de William Shakespeare, tradução de José Rubens Siqueira


Já reli tantas vezes esse solilóquio de Hamlet, e ele continua a me emocionar. Esse drama existencial é o que penso e sinto, escrito de forma magistral pelo mestre dos mestres.
Mas especialmente hoje, e por um motivo pra mim desconhecido, ele ficou martelando em minha cabeça durante boa parte do dia, e não sosseguei enquanto não parei para relê-lo... se é que posso chamar de sossego essa angústia de estar viva que estou sentindo nesse exato momento. Preciso confessar um coisa muito séria, estou perdendo a fé nas pessoas.
Posso estar sendo radical, ou não estar num bom dia, mas estou com medo. Medo de mim. Medo de perder a fé em mim também. Medo de desistir. Um medo incalculável de não conseguir mais me alimentar das pequenas esperanças. De vedar meus olhos para as belezas cotidianas. De não mais encontrar o amor no pôr-do-sol, no sorriso banguela da minha afilhada, na água da chuva sobre a grama ou no entraleçamento de mãos, corpos que se desejam. Medo de me enganar mais uma vez.

Eu não sei o que estou fazendo aqui, e tenho medo de nunca vir a saber.
(Imagem: Canibalismo de Outono, Salvador Dali)

domingo, 14 de setembro de 2008

O olhar para dentro


"Posso te olhar?
Eu não estou conseguindo te enxergar direito, posso chegar mais perto?
Posso entrar? Eu não vou te machucar."
.
"Eu quero te abraçar por dentro."
.
Trechos do texto do espetáculo Oito, que participei há uns dois anos.
.
Hoje acordei com tantas perguntas...
Por que temos tanta dificuldade de olhar pra dentro? Por que colocamos no outro a responsabilidade por nossos sofrimentos e alegrias? Por que a excessiva necessidade de entender aquilo que só precisa ser sentido? Por que esperamos tanto? Por que exigimos tanto? Por que as pessoas jogam umas com as outras? Por que a sinceridade está fora de moda? Por que parece as vezes que ser bom é sinônimo de ser idiota? Por que nos escondemos? Por que não dá pra viver sem mentir? Por que as portas fechadas? Por que as imagens embaçadas? Por que...
.
.

Seguimos.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

"Mulher segundo meu pai"



Acabei de assistir ao programa Ensaio, da TV Curtura, fiquei positivamente surpreendida com a interprete Luiza Possi, já a havia escutado, mas achava que tinha uma bela voz e só. Minha opinião mudou, ela está mais madura, gosto musical apurado, arranjos interessantes e a escolha do repertório(pelo menos o do programa) muito me agradou. Adorei a interpretação da música "Mulher segundo meu pai" de Itamar Assumpção seguida de "Último Adeus" de Paulinho Moska. Se quiser dar uma espiada, passa no youtube, o som não está dos melhores, mas dá pra ter uma idéia.


http://www.youtube.com/watch?v=nzYTuyyTDbw


A letra da música do Itamar é genial, preciso postar aqui, sou mulher e concordo com ela.



Mulher Segundo Meu Pai


Bem que meu pai me avisou
Homem não sabe, mulher
Falou que seu pai, meu avô
Mulher é o que Deus quiser
As vezes quer uma flor
As vezes só um cafuné

Precisa de muito amor, haja amor
Pra sempre carinho quer
Segundo meu pai
Mulher costuma muito chorar
Suspira pelo que quer a mulher
Mania tem de sangrar


Entrega-se na colher
A quem não vai se entregar
Meu pai falou que mulher,
A mulher deve ter parte com o mar

Simples

Miró - "Figuras da noite"


De vez em quando ser feliz parece ser tão simples... adoro essa sensação!