sábado, 31 de maio de 2008

De valsas e festas, brasileiras


O álbum “Valsa Brasileira” foi lançado originalmente em 93, e é considerado um marco na carreira da cantora Zizi Possi. Ganhou vários prêmios, entre eles o de melhor cantora e melhor álbum, merecidamente, em minha opinião. Composições belíssimas de grandes mestres como Gilberto Gil, Tom Jobim, Vinícius, Chico Buarque junto à bela voz e profunda sensibilidade da cantora, sem falar nos arranjos incríveis, resultaram nesse delicado e intenso trabalho artístico.
Essa obra tem me feito bastante companhia por esses dias. Gosto de ouvir todo o CD, sem pular nenhuma música, degustando cada pedacinho, cada surpresa. São poucas as produções fonográficas que me dão essa alegria, fora Chico Buarque, que prescinde de qualquer comentário a seu favor, posso contar nos dedos os álbuns que ouvi que possuem essa coesão do começo ao fim.
Entre eles, faço questão de comentar e recomendar o trabalho “Festa das manhãs”, uma obra autoral de um jovem artista e amigo querido (não sou complacente com amigos, que fique claro), Leandro Fregonesi. Um trabalho apurado, sofisticado, preenchido, extremamente bem elaborado e de muito bom gosto. Leandro é, sem dúvida alguma, uma revelação do samba e um poeta brasileiríssimo. Para conhecerem um pouco de seu trabalho visitem seu site: http://www.leandrofregonesi.com.br/ .

“Cambaleando” entre “Meditações”, “Lamentos”, “ Flor sem Xaxim” sigo “De leve no Tamborim”, dando “Bom dia”, “Se queres saber”, ao que considero essencial. E pra encurtar conversa, “Afro-rock”, “O samba e o pandeiro” os esperam... “Maria Izabel” “Escurinha” convida a todos para uma “Valsa brasileira” seguida da “Festa das manhãs”.




quarta-feira, 28 de maio de 2008

Pitada de mim


O que acontece quando algo que parecia intocável se quebra?
Quando o fluxo cessa? Quando as idéias somem?
Gostaria de ter dito aquilo que não disse.
Reivindico o direito de ser desconexa, de ser... de ser.

“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)

Muitos sonhos e um certo cansaço...
Muitos nadas intrínsecos, que me amedrontam e fascinam.
Vãos que me fazem parar, ao mesmo tempo que me impulsionam a seguir.
A sensação é de que, logo antes de eu existir agitaram demais a substância de que sou feita.
Ficaram tantas bolhinhas, quase como um chocolate Suflair.
Não me agite mais, por favor! Já estou muito misturada.
Misturada e airada.
E nessa movimentação toda, cheguei aqui já meio cansada, tô procurando um lugarzinho calmo desde então, para desacelerar, sem me fixar totalmente. Às vezes encontro pelo caminho meias palavras, meias verdades, meias paixões, mas principalmente meias pessoas, e isso me preocupa.

Mergulho inteira e quero inteiro! Não abro mão de nenhuma parte!
E não tenho paciência para quebra-cabeças...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Quando tetos caem


Essa noite sonhei que o teto sobre a minha cama havia caído. O sonho foi tumultuado de pessoas com teorias das mais variadas e bizarras referente ao porque do teto ter despencado. Uns afirmavam que era destino, que era o sinal de que o céu estava para cair, e que era bom estarmos preparados. Outros diziam que não havia laje no pedaço onde ficava minha cama, existia somente uma fina camada de gesso, e isso explicava a queda, e que o conserto ficaria em torno de R$80.000,00 (deviam estar pensando num alicerce de ouro para esse pedacinho de teto). Também teve um que disse que a janela estava mal colocada, interferindo na estrutura do cômodo. Por último, me disse alguém, que o teto não era nada, comparado ao que estava para acontecer comigo!
Desse último fiquei com medo!!! Ui... o que será que é, hein?
Logo antes do acidente eu não estava em minha cama, e devia estar chovendo muito do lado de fora, porque meu quarto começou a inundar, água por todos os lados, até que aconteceu o desmoronamento.
Hoje, as imagens do sonho não saíram da minha cabeça: água, queda e pessoas por todos os lados!

“Gosto das coisas – pessoas e palavras – desconcertantes. Seus contornos imprecisos permitem que a gente exerça o direito de refletir e de criar em cima delas.”
Lya Luft

Tetos caem o tempo todo sobre nossas cabeças, e no fundo isso pode ser muito bom, se soubermos aproveitar esse estado de alerta e choque! O problema é quando eles caem e nos imobilizam, nos deixam soterrados vivos, e a desistência parece ser a única solução possível.

De minha parte, prefiro ser acordada por tetos, do que passar a vida numa inércia constante, e se “o teto não é nada comparado ao que está para acontecer comigo”, conforme disse alguém em meu sonho, que venham os acontecimentos! Estou pronta para eles!

Ou não.

domingo, 25 de maio de 2008

Reconectada


Um sumiço? Não, um descanso. Na busca de me “desalienar”, resolvi fazer uma pausa da Internet. Às vezes fico horas conversando com amigos via MSN, Orkut, Blogs e afins, e a saudade não passa, persiste a vontade de olhar nos olhos dessas pessoas, lhes dar um abraço, ou conversar horas num boteco qualquer tomando uma cerveja bem gelada (ou uma Ice), desde assuntos banais do cotidiano até da diferença entre “dedução” e “indução” num projeto científico, ás 4 horas da manhã. O assunto é o que menos importa na verdade, compartilhar, trocar, experimentar com o outro, é onde está o sublime disso tudo. Podemos fazer isso via Web? NÃO!!!! É melhor do que perder contato? Óbvio, mas, pra mim, não há nada que se compare a um encontro verdadeiro. Tive momentos preciosos durante esse feriado que passou, fui a diversos lugares acompanhada de pessoas queridas, assisti à peça de amigos, visitei um amigo, e entre uma coisa e outra estudei um pouquinho.
Dentre os programas do feriadão, fui ver minhas queridas amigas na peça:

AS OLÍVIAS PALITAM
Teatro Popular do SESI
Av. Paulista, 1313 - f: (11) 3146-7405
de 14 de maio a 29 de junho de 2008
Quartas, quintas e sábados às 20h e domingos às 19h

http://www.asolivias.com.br

Elas são ótimas, divertidas, inteligentes e longilíneas!

É muito bom estar junto aqueles que estimamos, ainda mais se for desconectada da rede!!! Mas como sou contraditória por natureza, claro que vou continuar usando a tecnologia da comunicação pela rede mundial de computadores enquanto não compro um jatinho, ou até eu inventar uma maneira de estar em vários lugares ao mesmo tempo!
(Foto de Águida Amaral, do espetáculo Oito)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Agora o breve e merecido descanso


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAlívio!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Como é boa a sensação de missão cumprida, de ter feito um bom trabalho! Hoje foi a apresentação de um dos seminários do Curso de Formação de Professores e sobre qual assunto? Formação docente e profissional! Modéstia à parte, acho que fizemos um bom trabalho, a sala participou, passamos os conteúdos de forma simples, clara, com segurança e propriedade, cumprimos o horário e nos sentimos felizes ao final de tudo. Foi uma experiência enriquecedora e primeiro trabalho do trio Lê, Fê e Lé!!!
Obrigada meninas, pela parceria!!! Foi uma honra!!!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Orgástica risada


Há algum tempo estava conversando com minha irmã Erika, e não sei o que falei, que ela começou a rir sem parar, chorou de tanto rir, e quando isso se passou pensei: “Não me lembro a última vez que isso aconteceu comigo!”
Pois ontem a noite aconteceu!! Eu chorei de rir!! E a sensação foi tão boa!! Esqueci dos problemas cotidianos e me rendi ao gostoso exercício de gargalhar!! Mas não ri sozinha, nem acho que seja muito interessante o riso solitário. Num mundo onde as pessoas vivem reclamando de falta de tempo, onde se atropelam e não se encontram, onde a dimensão poética do olhar está se perdendo, um amigo me fez rir. E, consequentemente, me fez pensar em generosidade. Uma pessoa que dedica a outra, parte de seu dia, na despretensiosa tarefa de fazê-la rir, só pode ter uma alma nobre e sensível. Admiro pessoas assim, com essa capacidade e disposição.

E vamos rir!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O medo do novo


Tenho pensado muito a respeito...

“Temos que aceitar a nossa existência em toda a plenitude possível; tudo, inclusive o inaudito, deve ficar possível dentro dela. No fundo, só essa coragem nos é exigida: a de sermos corajosos em face do estranho, do maravilhoso e do inexplicável que se nos pode defrontar. Por se terem os homens revelado covardes neste sentido, foi a vida prejudicada imensamente. As experiências a que se dá o nome de ‘aparecimentos’, todo o pretenso mundo ‘sobrenatural’, a morte, todas essas coisas tão próximas de nós têm sido tão excluídas da vida, por um defensiva cotidiana, que os sentidos com os quais as poderíamos aferrar se atrofiaram. Nem falo em Deus. Mas a ânsia em face do inesclarecível não empobreceu apenas a existência do indivíduo, como também as relações de homem para homem, que por assim dizer foram retiradas do leito de um rio de possibilidades infindas para ficarem num ermo lugar da praia, fora dos acontecimentos. Não é apenas a preguiça que faz as relações humanas se repetirem numa tão indizível monotonia em cada caso: é também o medo de algum acontecimento novo, incalculável, frente ao qual não nos sentimos bastante fortes. Somente quem está preparado para tudo, quem não exclui nada, nem mesmo o mais enigmático, poderá viver sua relação com outrem como algo de vivo e ir até o fundo de sua própria existência. Se imaginarmos a existência do indivíduo como um quarto mais ou menos amplo, veremos que a maioria não conhece senão um canto do seu quarto, um vão de janela, uma lista por onde passeiam o tempo todo, para assim possuir certa segurança. Entretanto, quão mais humana, aquela perigosa incerteza que faz os prisioneiros dos contos de Poe apalparem as formas de suas terríveis prisões e não desconhecerem os indizíveis horrores de sua moradia. Nós outros, aliás, não somos prisioneiros. Em redor de nós não há armadilhas e laços, nada que nos deva angustiar ou atormentar. Estamos colocados no meio da vida como no elemento que mais nos convém. Também, em conseqüência de uma adaptação milenar, tornamo-nos tão parecidos com ela que, graças a um feliz mimetismo, se permanecermos calados, quase não poderemos ser distinguidos de tudo o que nos rodeia.”
(Cartas a um jovem poeta de Rainer Maria Rilke)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Quando a internet pára


Ontem a noite me senti uma personagem de Saramago, quando a internet teimou em não obedecer ao meu comando de fluir na rede. Fiquei quase um hora na frente do computador, apertando botões, desconectando e re-conectando fios, passando RegCleaner, CCleaner, Avast, na esperança de que tudo voltasse ao “normal”, até que parei. Distanciei-me de mim e pude observar a cena na qual eu estava inserida, um mero objeto do sistema, cuja anormalidade da dependência, passou a ser considerada normal. Isso me afetou. E, mesmo consciente, tive que fazer um esforço enorme para apertar o botão, desligar. A difícil “responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. Ainda bem que não sou a única a, de vez em quando, abrir os olhos e enxergar, como a pobre mulher do médico, no livro Ensaio sobre a Cegueira do Saramago.

sábado, 10 de maio de 2008

Borboleta? Talvez amanhã.


Depois de 12 horas dentro de uma Universidade, assistindo 8 aulas praticamente seguidas, e fazendo o referencial teórico de um trabalho, me reservo o direito de respirar. Minha companheira de trabalho, Fernanda, foi ótima, conseguimos produzir boa parte do texto e ainda conversar sobre Saramago, mais especificamente sobre “Ensaio sobre a Cegueira” e “A Jangada de Pedra”, esse último ainda não li, Márquez, falamos sobre os clássicos “Cem anos de solidão” e “O amor nos tempos de cólera”, quase entramos em Clarice, mas o tempo que tínhamos era pouco pra dela. Estávamos tão concentradas que nem vimos a hora passar, até sermos convidadas a nos retirar da faculdade, pois ela estava fechando!! Resolvemos continuar o trabalho no bar. Enquanto todos assistiam, concentrados, ao jogo de futebol, nós estávamos empolgadíssimas, falando de conceitos de Movimento, História, Arte, Mosaico, Intervenção, entre outros!! Nem sei quem estava jogando! Alguém sabe?

E aqui estou, com sono, cansada, e necessitando de uma massagem relaxante. Será que ainda agüento um filminho pra fechar a noite? Será que estou fugindo de alguma coisa? Melhor averiguar, preciso ficar um pouco comigo, talvez...

“Estamos socialmente condicionados a considerar a imersão total no espaço e no tempo exteriores como coisa normal e saudável. A imersão no espaço e no tempo interiores tende a ser considerada um afastamento anti-social, um desvio inválido, patológico per se e, de certo modo, desabonador.
Respeitamos o viajante, o explorador, o alpinista, o astronauta. Para mim, faz muito mais sentido como projeto – na verdade, projeto de urgência desesperada em nossa época – explorar o espaço e o tempo interiores da mente. Talvez isso seja uma das poucas coisas que ainda fazem sentido em nosso contexto histórico. Estamos tão desligados deste, que muita gente se pergunta a sério se ele existe.” (Laing, R. D. A política da Experiência)

É, talvez seja isso!!!


Ou então: “Meu mistério é simples: eu não sei como estar viva.” (Clarice Lispector)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Minhas memórias escolares


Esses dias não pude aparecer pois me ocupei em escrever minhas Memórias de Banco Escolar, trabalho da matéria de Políticas, com a professora Dinéia. E já que estou aqui mesmo, vou postar uns trechos desse trabalho que foi muito prazeroso.


1984 – Pré 2

Dois episódios me marcaram e acho que por isso ainda me lembro deles. O primeiro se refere a uma aluna bem loirinha, que roubava coisas das pessoas e era muito mentirosa, um dia eu a vi pegando minha régua e guardando em sua bolsa branca quadrada, esperei a professora entrar na sala, não me lembro porque ela não estava, e disse que a tal menina andava pegando coisas das pessoas, e que tinha pego a minha régua, ela jurou que era mentira, parecia realmente sincera, fui até a bolsa dela e peguei a régua, não me lembro as conseqüências desse ato, só da raiva que senti naquele dia.
O outro fato foi quando uma aluna, que era minha amiga, a Raquel, fez xixi na sala, enquanto fazia a lição, todos começaram a rir, ela continuou escrevendo como se nada estivesse acontecendo, fui uma das poucas que não riu, pelo contrário, fiquei tão envergonhada, como se aquilo estivesse acontecendo comigo. Talvez porque eu soubesse, em menor escala, o que ela estava sentindo, pois tive enurese noturna até os nove anos, e já tinha ouvido muitas piadinhas e risadinhas das minhas irmãs e primas. A professora encarou com muita naturalidade, e repreendeu as risadinhas.

Em 1987, entrei para a 3ª série, estudava numa sala que tinha duas portas, uma do lado da outra, que davam pro mesmo lugar, nunca entendi aquilo, uma das portas ficava sempre fechada, e meu lugar na sala era em frente esta porta. Tia Vera Lúcia, ela era tão bonita e um pouco brava.
Esse ano estava na moda usar lapiseira, mas eu não tinha uma, então resolvi criar minha própria lapiseira. Peguei meu tubo de cola e coloquei um pedaço de grafite do meu lápis, ficou fantástica a minha lapiseira, usei durante dias, até que a cola estourou, e fez muita sujeita, nunca vou esquecer a bronca que levei da professora, ela achou que eu estava agindo maldosamente, fazendo bagunça, e eu só estava escrevendo com minha super lapiseira.
Sempre fui uma aluna quieta, bom coração, ela não devia estar em um bom dia, pois se pensasse um pouquinho saberia que eu não seria capaz de fazer aquilo por maldade.


As vezes sinto saudade daquela menininha loirinha dos olhos claros, de sua coragem de brigar por justiça, sua capacidade de superar qualquer dificuldade e transformá-la em algo “super”, de seu riso fácil e encantador. Claro que tenho muito daquela menininha, mas perdi a inocência faz tempo, o que me consola, é não ter, ainda, perdido a fé nas pessoas.

sábado, 3 de maio de 2008

Ausencia


Acabo de ouvir a belíssima canção “Ausencia” de Goran Bregovic, na voz da maravilhosa Cesária Évora. Ainda estou me recuperando, secando as lágrimas, massageando meu coração e suspirando, para voltar ao chão. Essa música me traz muitas lembranças, inclusive lembranças de palco, mas ela, por si só, é de uma intensidade extra cotidiana. Na voz de Cesária então, que é de tamanha força plácida e luminosa, impossível não me comover.

Pra quem se interessar, escutem a música no Youtube, o endereço é:

http://br.youtube.com/watch?v=RXfzyc92EuI

“Ausencia, ausencia
Si asa um tivesse
Pa voa na esse distancia
Si um gazela um fosse
Pa corrê sem nem um cansera

Anton ja na bo seio
Um tava ba manchê
E nunca mas ausencia
Ta ser nôs lema...”

(Imagem do espetáculo "Oito", na foto a atriz Renata Augusto, fotografia de Águida Amaral)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

"O gosto do vivo."


Enfim, terminei o livro “A paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector e como doeu!! Esse livro me revirou, tanto no aspecto físico quanto no moral, espiritual, existencial... Senti-me tão a flor da pele, e muito incomodada, na maior parte do livro. Não sei se demorei pra ler, porque realmente tinha muitos trabalhos e livros da faculdade pra terminar, ou se usei tudo isso como desculpa pra não terminar o livro, que ao mesmo tempo me fascinava e eu desejava que não tivesse fim, como eu queria me livrar do desconforto que era me reconhecer, na dor, na desistência, no medo de errar, na solidão.
Eu desejava uma solução, uma organização, mas pressentia, a cada virada de página, que o que eu iria encontrar era de uma outra natureza, “A coisa é tão delicada que eu me espanto de que ela chegue a ser visível.”
Não é de outra natureza, mas é sutil, é “não humana” de tão humana que é. É antes de tudo, amor. Sobrevivi, e recomendo que façam essa jornada interior, conduzidos por Clarice, ofereçam suas mãos e confiem.

“Entendi que, botando na minha boca a massa da barata, eu não estava me despojando como os santos se despojam, mas estava de novo querendo o acréscimo. O acréscimo é mais fácil de amar.
E agora não estou tomando tua mão para mim. Sou eu quem está te dando a mão.
Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor. Como eu, não terás medo de agregar-te à extrema doçura enérgica do Deus. Solidão é ter apenas o destino humano.E solidão é não precisar. Não precisar deixa o homem muito só, todo só.
(...)
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.”

Mais uma coisa: “E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar para errar.”

(Imagem: pintura de Auguste Renoir - Banhista sentada)

PS: Obrigada querido René, pela indicação e insistência para que eu lesse o livro, entrará em minha lista de favoritos, com certeza.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

"Sou uma gaivota... Não! Sou uma atriz! É isso!"


Passei parte do dia pensando sobre minha profissão de artista. Sinto saudade do palco, e já espalhei aos quatro cantos que esse ano pretendo voltar a atuar. Mas já não posso fazer qualquer coisa, pois a muito tempo isso deixou de ser um exercício meramente exibicionista. Preciso criar, tenho muito a dizer em cima do tablado, essa sensação de falta, é quase física. Estar lá me ajuda a eu me sentir mais viva. A decisão já foi tomada, e vou cumpri-la, esse ano estarei de volta!! Mas ainda não sei em que velocidade!! Como disse Nina, personagem de "A gaivota" de Tchecov:
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"O importante não é a glória, nem o brilho ou a realização dos sonhos. E sim saber sofrer, saber carregar a cruz e ter fé. Eu tenho fé, e não sinto tanta dor. E quando penso em minha profissão, já não tenho medo da vida."
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